segunda-feira, 22 de outubro de 2012





"O Homem não é importante pelo seu Ego ou pela sua personalidade. 
O Homem é importante porque, como alma, ele é parte de Deus."
Paramahansa Yogananda

segunda-feira, 15 de outubro de 2012





O fracasso é importante e ninguém pode chegar a meta sem falhas.Se você falha, se tem desejos e problemas, eles desaparecerão.Simplesmente continua, repete seu sadhana, todos se desvanecerão e Deus te dará a fortaleza que necessitas para supera-los. Toda situação em que Deus te põe, é para teu próprio bem. Não desanime quando fracassar. Também fracassei. Estou fracassando neste preciso momento. Um mestre não pode te dar nada. É sua mente, seu prana e sua alma e seu esforço,  Acredite. Ninguém, nenhum mestre pode dar-te nada e nenhum mestre tem o poder que você tem. É sua confiança em você mesmo, tua fé em si mesmo e sua própria fortaleza que pode elevar-te acima do mundano, acima do redemoinho. Quer sair, Tente acreditar nisso a partir de agora. O fracasso nunca te fará fraco. Ele te fará forte. Não te preocupa pelo que dizem os outros. Alguns te louvarão  outros criticarão.Para um yogi ambos são enganos verbais. Um yogi não deve reagir perante palavras de louvor ou censura. (Swami Vishnudevananda)

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Saṃsāra




A palavra saṃsāra até serve de nome para um perfume francês. Esta palavra define a sede por, ou a caçada de, experiências. Define a ideia de ir atrás de uma experiência, e mais uma, e mais uma, e mais uma, e mais uma, e mais uma, e mais uma... Buscar experiências nesta vida, buscar experiências depois da morte, buscar experiências noutras dimensões, onde for. Buscar experiências.
Sair do saṃsāra é parar de buscar experiências, ou parar de buscar a felicidade nelas. É também parar de ser afetado por memórias do passado daquelas que nos imobilizam, como complexos, culpas e outros. Até mesmo um macaco, se dotado de uma mente humana, irá sofrer. 
Porém, como os macacos e outros animais não são dotados desse tipo de mente característica dos humanos, eles simplesmente vivem suas vidas sem sofrer com nada que não seja satisfazer suas necessidades essenciais. Cavalos não precisam ir ao cabeleireiro. Macacos não usam jeans. Noutras palavras, eles não têm complexos nem problemas de autojulgamento.
Eles buscam as experiências, programados pelos instintos e a genêtica. O paradoxo da condicionamento humana é que, mesmo dotados do livre arbítrio, que é o que nos diferencia dos demais animais, não sabemos bem ao certo o que fazer com ele. Embora nos incomode a imperfeição, ela faz parte das nossas vidas.
A vida de saṃsāra é uma vida, assim, de experiências incessantes, onde tentamos caçar novas experiências que acreditamos serem boas, e procuramos fugir das experiências que percebemos como negativas ou indesejáveis. Assim, fazemos planos, buscamos realizar metas e objetivos. Nem sempre nossos planos e projetos dão certo. Às vezes as coisas funcionam como o esperamos, mas às vezes as nossas expectativas não são preenchidas.
A pergunta é se existe alguma experiência que seja perfeita, mas tão perfeita e que nos ajude a parar com essa roda do saṃsāra, que nos ajude a deixar de buscar a felicidade nas experiências. Essa experiência deveria ser uma experiência infinita, ilimitada, onde o experienciador, a experiência e o ato de experienciar não tivessem nenhuma diferença. Chamemos esta experiência de nirvikalpa samādhi [samādhi sobre a ausência de construções mentais].
Essa experiência, por outro lado, não poderia nem deveria ter um fim, pois o que define as experiências é justamente que elas começam, acontecem e terminam. Porém, a experiência de que estamos falando deveria ser infinita. Na hipótese de você ter uma experiência de nirvikalpa samādhi, e retornar dela, você veria as coisas diferentes? Veria as pessoas de maneira diferente?
Ora, acontece que o samādhi é apenas uma experiência com início, meio e fim e que, depois que ela termina, a pessoa que teve essa experiência reconhece que o saṃsāra continua. Portanto, o samådhi não resolve o problema.
Há pérolas de plástico hoje em dia. Parecem reais, mas são falsas. Da mesma maneira, há promessas no mundo da espiritualidade que são falsas, como essas pérolas. Tal experiência, simplesmente não existe. Se ela fosse real, não poderia ser subjetiva. É assim que as pessoas são enganadas, pois elas precisam se agarrar a alguma coisa, precisam acreditar numa solução mágica.
O que motiva a pessoa a buscar experiências? O que a impulsiona? Qual é a força motivadora? Um problema existencial: o problema da pessoas que vive, e quer viver, através de experiências. Sem experiências, ela acredita que não há vida. E, a solução para elas parece ser a busca de um tipo de experiência apenas: as prazerosas.
Assim, o apego às experiências prazerosas é o que nos leva a agir no mundo. Desta maneira, a pessoa se torna uma manipuladora do mundo, justamente para ter essas experiências, para atraí-las para si. O problema é que a inteira Humanidade está buscando fazer o mesmo, e é assim que o mundo funciona.
Essa é a razão pela qual buscamos esse tipo de promessa, para sair de vez desta montanha russa. Assim, as pessoas compram essas passagens para o paraíso, ou por causa da sedução de viver no céu, ou pelo medo do inferno, ou por qualquer outro motivo. Não vamos discutir aqui o ilógico e absurdo dessas promessas. Porém é certo que muita gente engole essas aboborinhas.
Assim, temos as promessas das religiões atuais, e as promessas de pessoas que também tentam nos iludir com promessas da espiritualidade nova era. No meio dessa variedade de ofertas, como você faz para se esquivar e encontrar algo que realmente preste? Conhecer uma coisa como errada nos permite conhecer todos os erros similares. Devemos ser capazes de ver esses erros. 
Isto não significa que devamos ficar o tempo todo julgando os demais ou o que eles fazem, mas manter o espírito crítico afiado para, como dizemos anteriormente, não engolir uma abobrinha inadvertidamente. Não precisamos descartar todas as crenças, mas podemos sim ver qual é a base delas e apreciar, mesmo quando não temos elementos para verificá-las, se fazem sentido à luz do contexto em que são feitas. 
Assim, há dois tipos de crença: uma delas, iremos chamar de confiança. A outra, de crença mesmo. Você é mais do que você acredita ser. Digamos que isso seja verdadeiro. Você precisa de confiança nesta afirmação, enquanto não consegue verificá-lá por seus próprios meios.
Digamos que você queira aprender a adivinhar o futuro. Você busca um curso na internet, encontra, se inscreve e aguarda a hora do curso começar. Até esse ponto, é tudo uma questão de confiança. Aqui, no estudo de Vedānta, é a mesma coisa. O que nós propomos aqui não é uma crença não verificável, mas uma confiança verificável. 
Como quando você aí atravessar a rua e aguarda o semáforo ficar verde para si. Você tem a confiança de que esse é o momento para atravessar, e que enquanto você vê o verde, os carros do outro lado do cruzamento estarao vendo o vermelho e irão parar. 
Viver é uma questão de confiança, portanto. Você respira ar, na expectativa de que o que você respira seja mesmo ar. Se você pudesse ver os microorganismos que entram no seu nariz, não ia querer respirar mais. Além dos nossos meios de conhecimento, tudo é uma questão de crença. Você não deveria descartar as crenças, mas examiná-las.
Om tat sat.
Tradução de Pedro Kupfer (http://www.yoga.pro.br)


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

COMO SE LIVRAR DE PENSAMENTOS INDESEJÁVEIS?

 


Esta é uma prática muito poderosa e eficiente que Patañjali chama no Yoga Sūtra (sūtra II:33) pratipakṣa bhāvana e que consiste no seguinte: "quando surgirem pensamentos indesejáveis, estes podem neutralizar-se convivendo-se com seus opostos" (vitarkabādhane pratipakṣabhāvanam). 

Vencer a tendência natural a se deixar arrastar pelo julgamento precipitado é um passo importante na caminhada que é o Yoga. Se meu problema for julgar levianamente, posso resolvé-lo de maneira eficiente quando exerço esta continência verbal. Isto quer dizer evitar o primeiro impulso para verbalizar uma ideia antes de que a análise de todos os fatores tenha sido concluída, para verificar se a minha apreciação coincide com a realidade dos fatos. 

E, depois de guardarmos para nós mesmos esse tipo de julgamento, poderíamos fazer ainda um exercício de aceitação da situação, reconhecendo que cada pessoa faz sempre seu melhor dentro das circunstâncias que lhe cabem, ainda quando as ações pareçam ter sido feitas de maneira deliberadamente errada.

Assim, exercendo essa autodisciplina que nasce da continência e do esforço sobre mim mesmo, da minha motivação pela superação e do foco que mantenho na prática, fortaleço e purifico meu psiquismo e minha força de vontade.

No início, este exercício poderá nos parecer difícil, dada a imensa força dos condicionamentos, porém, se quisermos ter uma ideia de a quantas anda a nossa evolução e o nosso crescimento emocional, este é um bom termômetro: conseguimos, de fato, evitar o impulso de nos queixar desnecessariamente ou de falar mal dos demais?

O resultado do pratipakṣa bhāvana é tornar a mente sattvika, i.e., equilibrada, harmoniosa e construtiva, de maneira que ela seja nossa aliada no crescimento interior. Essa mente purificada, por sua vez, nos ajudará a viver uma vida tranquila e dentro do dharma, o princípio da harmonia universal. Boas práticas! 

नमस्ते Namaste! 

FONTE: Pedro Kupfer